A expedição pelo Manuscrito da Loucura

Em Obliviax, o livro dos provérbios, também conhecido como o "Manuscrito da Loucura", foi descoberto nas profundezas de uma antiga fortaleza, atualmente conhecida como o forte das sombras. Situado em uma região remota de Valtaris, cercado por densas florestas e montanhas obscuras, o Forte era temido e evitado em decorrência das lendas que o cercavam.

Um grupo de exploradores, composto por seletos e praticantes de magia natural, em busca de poder e conhecimento, ouviu rumores sobre um artefato antigo que continha segredos ocultos e poderes inimagináveis. Movidos pela ambição e curiosidade, eles se aventuraram nas profundezas desse local, sendo capazes de enfrentar armadilhas mortais e criaturas nefastas para encontrar o que buscavam.


Exploradores


Nixie Sowers; Vinte anos; Escola de Encantamento; Nemiria do Norte.

Nixie nasceu e cresceu na pacífica aldeia de Nemiria do Norte, cercada por paisagens exuberantes e uma natureza abundante. Desde muito jovem, ela demonstrou um profundo interesse e conexão com o mundo natural ao seu redor. Fascinada pelos elementos da natureza e suas energias místicas, Nixie dedicou-se a estudar e compreender as forças que regiam a vida em seu reino. Enquanto ainda criança, Nixie descobriu seu talento inato para a magia do encantamento. Sua habilidade de manipular e aprimorar as energias naturais a tornou uma aprendiz promissora. Sob a orientação de mestres encantadores, ela se aprofundou em seus estudos, aprimorando suas habilidades mágicas e aprendendo a harmonizar sua magia com a natureza ao seu redor. À medida que Nixie crescia, sua conexão com a natureza se intensificava, e ela se tornou conhecida como uma guardiã e protetora da natureza.




Alberic Velour; Vinte e Nove anos; Escola de Evocação; Lothia.

Natural de Lothia, era o irmão mais velho de Aric, o único seleto da família. Enquanto seu irmão se dedicava à magia divina e à busca do conhecimento, Alberic escolheu um caminho diferente. Ele se tornou um mago da escola de evocação, onde aprendeu a dominar o poder das energias elementais e convocar criaturas místicas para fazer sua vontade. Desde jovem, Alberic demonstrava uma personalidade obstinada e ambiciosa. Diferente de seu irmão, ele buscava poder acima de tudo. Sempre ávido por aventuras emocionantes e oportunidades de enriquecer, Alberic não se contentava em ficar em Lothia, sonhando com uma vida grandiosa e repleta de glória. Com suas habilidades, Alberic embarcou em inúmeras expedições perigosas em busca de tesouros escondidos e conhecimentos proibidos. Ele percorreu terras desconhecidas, enfrentou criaturas assustadoras e desvendou segredos ocultos. No entanto, sua busca por riquezas muitas vezes o levava a situações perigosas. Alberic era conhecido por assumir riscos extremos, colocando sua própria vida em perigo em troca de um tesouro valioso. Sua ganância era sua maior motivação, e ele não hesitava em fazer o que fosse necessário para obter o que desejava.



Aric Velour; Vinte e quatro anos; Escola de Anjuração; Lothia

Aric Velour, o irmão mais novo de Alberic, nasceu com um dom especial. Diferente de todos que conhecia, Aric era um Seleto. A magia divina fluía através de seu ser, concedendo-lhe poderes além da compreensão. Desde cedo, ele se viu envolvido em um mundo de maravilhas e mistérios, sem realmente entender por que fora agraciado com tal presente. Aric era um espírito tranquilo e sereno. Ele não se deixava levar pelas tentações do poder ou da riqueza, em vez disso, buscava uma vida equilibrada e significativa. Embora seguisse Alberic em inúmeras aventuras perigosas, Aric sempre teve um instinto protetor em relação ao irmão, mantendo-o seguro em meio aos perigos que enfrentavam. Ele encontrou seu caminho na arte da abjuração, uma escola de magia focada na proteção e defesa. Sua gentileza e compaixão o tornavam uma presença reconfortante para seus companheiros de equipe, sempre disposto a ajudar e proteger aqueles que estavam em perigo. Embora Aric fosse reservado em relação a suas próprias emoções, ele nutria um sentimento especial por Nixie, a encantadora ligada à natureza. Admirando sua profunda conexão com o mundo natural e sua dedicação à preservação da vida, Aric encontrou conforto e inspiração em sua presença. Ele valorizava sua amizade e sentia um desejo profundo de protegê-la, mesmo que nunca tenha expressado abertamente seus sentimentos.


Vhanya Finch; Vinte e Sete Anos; Escola de Ilusão; Ardor

Vinda do reino de Ardor, Vhanya era uma mulher extraordinária. Ela era uma maga especializada na arte da ilusão, dominando habilidades mágicas que permitiam criar ilusões vívidas e enganosas. Sua força e poder eram inegáveis, e ela era amplamente reconhecida como uma das ilusionistas mais talentosas de sua geração. Embora Vhanya fosse uma mulher de poucas palavras, sua presença era imponente. Ela irradiava uma aura de confiança e mistério, capaz de cativar qualquer pessoa ao seu redor. Apesar de sua natureza reservada, Vhanya era extremamente leal àqueles que ela escolhia ter em sua vida. Não se apegava a muitas pessoas, mas aqueles que conquistavam sua confiança eram agraciados com sua dedicação inabalável. Além de suas habilidades mágicas, Vhanya também possuía uma força interior notável. Ela era resiliente diante das adversidades e não se deixava abalar facilmente. Vhanya enfrentou desafios e perigos em sua jornada, superando-os com coragem e inteligência. Sua determinação incansável era uma fonte de inspiração para aqueles que a conheciam.


A expedição


Em liderança de Alberic, o distinto grupo de exploradores seguiu de Lothia a Valtaris com um único objetivo: encontrar o livro dos provérbios. As montanhas de Valtaris erguiam-se selvagens naquela aventura. Nixie, Aric, Vhanya e Alberic atravessaram florestas profundas que machado algum jamais cortou. Passando por sombrias e estreitas veredas onde via-se árvores inclinadas de maneiras exóticas e de rios que corriam de maneira branda, com encostas de pedras em ambas as margem. Em seu caminho passaram pelo que poderiam deduzir como um dia sendo cabanas, porém, que jaziam em ruínas, onde a natureza havia se apossado novamente do que sempre lhe pertenceu. Há tempo aquelas regiões não tinham tido um morador. Nem estrangeiros gostavam de atravessar aquele caminho. Não por causa de qualquer coisa que pudesse ser vista, ouvida ou manuseada, mas devido a algo apenas imaginado. Aquele lugar não parecia fazer bem a imaginação, e isso mantinha transeuntes afastados.

Após semanas de viagem, o clima havia mudado completamente. Alberic e Vhanya, os mais velhos do grupo, estavam empolgados com a possibilidade de uma nova descoberta, enquanto Aric e Nixie pareciam se dar bem juntos, mesmo com suas diferenças. Mas isso mudou drasticamente depois que começaram a atravessar a floresta obscura. Alberic passou a se isolar em sua tenda todas as noites, negando a companhia de seus parceiros de viagem quase todas as vezes que tentavam conversar com ele. Aric estava preocupado com seu irmão, mas continuava a apoiá-lo a todo momento. A forma como Nixie olhava para Alberic dizia, com todas as palavras, que a jovem nemiriana não o havia perdoado pela sua transgressão quando atravessaram o rio para chegar em Valtaris. Aric tentou de várias formas fazê-la entender que seu irmão era uma boa pessoa, mesmo sendo tão difícil de lidar. Suas tentativas falharam miseravelmente, mas os dois se aproximaram bastante nesses dias de viagem. Vhanya estava incomumente quieta durante todo o percurso. Ela, assim como Alberic, era experiente com longas viagens em busca do desconhecido. Entretanto, a ardoriana era conhecida pelo seu carisma, não pelo seu constante silêncio. Alberic, por outro lado, parecia cada vez mais perdido dentro de si. Suas falas estavam ficando desconexas, como se seus pensamentos estivessem sendo embaralhados. Aric se preocupava com seu irmão, mas este apenas dizia estar bem quando questionado.

Dias se passaram até que finalmente eles alcançaram a saída daquele lugar maldito. Mas uma coisa era certa: as pessoas que entraram na floresta semanas atrás definitivamente não são as mesmas que saíram. Alberic continuava a murmurar coisas ininteligíveis para si mesmo, Vhanya parecia perdida em pensamentos e Nixie dizia estar sendo constantemente vigiada, como se uma figura misteriosa os estivesse acompanhando. Aric era o único que permanecia com sua sanidade preservada, mas seu coração se enchia de angústia. Ele tentou por diversas vezes convencer a todos que deveriam retornar, mas de nada adiantou. Suas mentes já não lhe pertenciam e o jovem seleto se viu impotente perante a loucura que tomava conta de seus companheiros. "O livro", Alberic dizia, seus olhos desfocados "o livro é a chave, temos que achar, temos que achar o livro". Se as coisas já não estivessem ruins o bastante, pesadelos começaram a se tornar algo constante, inclusive em Aric. Nixie se recusava a dormir, pois segundo ele "ele estaria lá para observá-la". Aric tentou ajudá-la a descansar, mas a garota se recusava. Dias sem dormir apenas reforçou ainda mais suas alucinações, a deixando paranoica e apavorada. Restavam apenas algumas semanas de viagem, mas Aric se perguntava se eles realmente conseguiram chegar ao seu destino.

A caminha durou poucos dias e, embora não houvesse tido contratempos no caminho, a jornada parecia durar uma eternidade. Usavam uma antiga estrada de terra como caminho a seguir e, quanto mais avançam, menos via-se vegetação local. As árvores próximas eram doentias, atrofiadas, e muitos troncos mortos se erguiam ou jazia apodrecendo ao redor. Enquanto caminhavam, puderam observar pelo caminho, pedras jogadas ao léu, pertencentes a uma antiga construção que parecia guiar o caminho para algo ainda maior do que aparentava, além de um poço abandonado escancarando a bocarra sombria. Mesmo pela manhã, o caminho o caminho do bosque aparentava ser um breu e uma aura obscura parecia lhes dizer para não avançar. Não deve ter havia alguém pela região a anos, mas ainda sim, puderam notar pegadas no caminho que seguiam. Algumas seguiam em frente pela estrada, outras voltavam-se para o lado, em direção ao poço no bosque, e simplesmente desapareciam diante de seus olhos. Então viera aquela lívida nuvem do meio dia, indicando que o caminho que jaziam sombrio, ficaria ainda mais com a chuva que logo cairia. O grupo decidiu seguir pelo caminho da estrada após uma breve discussão, Nixie sendo a única contra essa rota. Mas, mesmo contra sua vontade, ela cedeu. A leve chuva apenas atrapalhou ainda mais a jornada, deixando a estrada enlamaçada e dificultando a visão. Mesmo assim, eles prosseguiram.

Parado no meio da estrada havia um homem. Ele vestia trapos velhos e uma capa que o protegia da chuva e do frio. Ele usava seu cajado para caminhar, se aproximando cada vez mais do grupo. Aric tentou oferecer ajuda ao velho andarilho, quando este o puxou pela gola da camisa e disse: "Aquilo que você procura agora está procurando por você. E ele não descansará até encontrá-lo. Na mais profunda masmorra, a escuridão o aguarda. Seu destino está selado." Antes que Aric pudesse sequer responder, o velho andarilho bateu seu cajado no chão e, em meio a uma torrente de corvos, desapareceu. Confuso e incerto, Aric continuou sua viagem rumo ao seu pior pesadelo.

A fortaleza situava-se depois de um rio curto, quando atravessaram a ponte adentrando a um caminho ainda mais estreito e íngreme. Era praticamente um despenhadeiro que levava a um grande arco de pedra, indicando que enfim haviam chegado ao loga. Àquela altura, as vozes na cabeça de Alberic estavam mais fortes: Nixie com extrema hesitação avançava com cautela, com temor daquilo que observava; Vhanya era capaz de sentir o ar pesado e a cada passo dado parecia cansar seu corpo ainda mais. Aric, testemunhando isso, abalava-se com a situação, não somente por está em situação semelhantes aos seus companheiros, mas também pelo que rondava aquele lugar. Árvores secas estavam nas laterais do arco de pedra, como se posicionadas com minúcia para servir de adorno para aquela fachada. Logo os primeiros degraus estavam a frente, o caminho agora era inteiramente de pedra, com musgos crescendo por entre os vãos. A pavimentação era irregular, mas após alguns degraus chegaram a uma grande porta dupla semiaberta. A fortaleza era alta, de torres com telhados pontiagudos e cômodos tão grandes em extensão, mas vazios em adornos e móveis. O salão principal era escuro e mal puderam ver o que havia além. Contudo, conseguiam distinguir que a frente havia um corredor e em cada lateral uma porta fechada; a do lado direto, no entanto, carregava uma peculiaridade: manchas avermelhadas, já secas, formaram uma figura abstrata na madeira. Naquele caminho era possivel avistar uma escada que os levava para níveis superiores da fortaleza. O recinto jazia escuro, mas um sussurro sombrio ecoava em suas mentes.

Nenhuma armadilha ou obstáculo foi capaz de impedir o avanço desesperado de Alberic. As vozes em sua cabeça agora o controlavam por completo, o forçando a seguir suas instruções. Aric tentou impedi-lo, mas Alberic, impulsionado pela loucura, era mais forte e mais rápido.

Ao chegarem no topo da mais alta torre da fortaleza, eles se depararam com uma sala, talvez um escritório ou uma pequena biblioteca pessoal. Em uma das escrivaninhas jazia o tão desejado Livro dos Provérbios ou, como alguns preferem chamar, o manuscrito da loucura. Um tomo antigo e poderoso, cuja lenda diz conter o segredo para fazer um mero humano se tornar um seleto sem a ajuda dos deuses. Por séculos, o manuscrito foi caçado pelos mais ambiciosos, mas as histórias sobre seu paradeiro eram apenas isso: histórias. Vhanya olhava fixamente para o livro, claramente desejando descobrir que conhecimento sombrio ele guardava. Nixie apenas recuou, incerta do que pensar, enquanto Aric tentava a todo custo impedir Alberic de se aproximar do livro. Mas seus esforços foram em vão. Ao abrir o livro, Alberic se deparou com páginas e mais páginas descrevendo os mais perversos feitiços e os mais nefastos rituais. Entretanto, as palavras escritas naquelas páginas empoderadas não eram nada comparadas ao que aconteceu em seguida. Um som estridente emanou do livro, um grito extremamente agudo, como se uma criatura estivesse sofrendo com uma dor terrível. As paredes da fortaleza começaram a tremer violentamente, o chão parecia prestes a ceder. O Forte estava desmoronando.

Aric tentou gritar para avisar seu irmão, mas o livro estava lentamente consumindo o corpo de Alberic, o destruindo de dentro para fora. Com um último grito de dor e ódio, Alberic foi completamente pulverizado pela intensa força mágica emanada pelo manuscrito. Aric tentou correr na direção de seu irmão, para tentar salvá-lo, mas já era tarde demais. Vhanya, ainda hipnotizada pelo livro, não tardou em tentar agarrá-lo assim que este caiu no chão. Nixie tentou protestar, mas Aric a impediu. Se eles não saíssem daquele lugar, todos seriam soterrados junto com o maldito livro. Vhanya não parecia se importar, contente em apenas segurar o manuscrito em seus braços enquanto o teto da sala desmoronava sobre seu corpo. Desesperados e sem opção, Nixie e Aric correram para as escadas para tentar fugir antes que fosse tarde demais. Talvez, se fossem rápidos o suficiente, eles conseguiriam alcançar a saída a tempo. Mas, assim que atravessaram a porta, uma figura puxou Nixie pelo braço, forçando-a a permanecer na sala. A mesma figura que estava a perseguindo anteriormente. Aric tentou puxá-la para fora, mas a criatura era forte demais. Em um último ato de desespero, Nixie empurrou Aric para longe e conjurou um feitiço de proteção, impedindo que ela ou a criatura pudessem sair da sala.

Ferido e arrasado, Aric tornou a correr escada abaixo até que finalmente conseguiu sair do Forte, poucos instantes antes da estrutura ruir por completo. Mesmo agora, com o livro completamente soterrado no meio do nada, ele conseguia ouvir as vozes em sua mente. Aric teria que conviver com aquele tormento pelo resto de sua vida, uma constante lembrança de tudo que perdeu em sua busca por poder.


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